Projeto Educativo do ano letivo 2020/2021 – “Acolher para Educar e Educar para Incluir”
O Projeto Educativo do ano letivo 2020/2021 – “Acolher para Educar e Educar para Incluir” é um instrumento que nos permite cumprir a missão do Centro Social. Para a sua elaboração, a equipa tem em conta a sua história, mas também o contexto do qual faz parte e as famílias com quem trabalha.
O Centro Social é uma entidade de primeira linha, com competência em matéria de infância e juventude. No diagnóstico à sua população-alvo são identificados alguns fatores de vulnerabilidade, designadamente a vivência num bairro social, a manifestação de comportamentos, da parte dos adultos do agregado familiar, que colocam em risco o crescimento e o desenvolvimento da criança ou jovem e a presença de perturbações do desenvolvimento e do comportamento na criança ou jovem. Estes fatores determinam um acompanhamento próximo e em algumas situações, quase diário, dos nossos destinatários.
Vivência num bairro social
No presente ano letivo, temos 125 crianças/jovens moradoras nos bairros sociais da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, num universo de 251 utentes. A literatura assegura que crianças que nascem e crescem em bairros sociais possuem, à partida, maior risco de insucesso escolar. Neste território encontramos a manifestação de diferentes problemáticas sociais e este espaço está associado também a maior precaridade económica e em alguns casos a situações de pobreza e exclusão social. Dados do INE revelam que 21,6% da população residente em Portugal em 2019 se encontrava em risco de pobreza ou exclusão social; embora tenha ocorrido uma redução do risco de pobreza infantil em 2019, a presença de crianças num agregado familiar está associada a um risco de pobreza acrescido. Não podemos esquecer a pobreza hereditária que só pode ser combatida quando associamos a intervenção social com a educação.
Manifestação de comportamentos de risco
No que diz respeito aos comportamentos de risco que podem afetar o desenvolvimento e o crescimento da criança ou jovem, enumeramos as situações de maternidade precoce, negligência parental, más condições habitacionais (precaridade, sobrelotação), violência doméstica, reclusão de uma figura parental ou de ambas, alcoolismo, consumo/venda de estupefacientes. A intervenção multidisciplinar e interinstitucional e a formação são estratégias fundamentais para a eliminação ou redução destes comportamentos.
Na Creche e na Educação Pré-escolar consideramos que faz sempre parte da equipa de sala a Educadora de Infância, a Ajudante de Ação Educativa, a Psicóloga e a Assistente Social, sendo que estes dois últimos elementos participam nas atividades de sala, pois é pela interação com o grupo e pela construção de uma relação de confiança que se conhecem os contextos de vida de cada criança. No presente ano letivo, a Creche tem 24 crianças cujas famílias manifestam comportamentos de risco. Quanto ao Pré-escolar, existem 30 crianças integradas em contextos de risco.
No CATL, a equipa é constituída por uma Educadora Social, uma Técnica de Animação, duas Ajudantes de Ação Educativa e a Assistente Social. Existe uma forte parceria estabelecida com o Projeto AICA, para acompanhamento psicológico das crianças desta resposta e com a Cliduca para concretização de terapias da fala e ocupacional.
No grupo do presente ano letivo, destacamos 22 crianças em situação de risco e/ou vulnerabilidade social no CATL. Quanto ao Centro Comunitário, a equipa é constituída pou uma Psicóloga, uma Assistente Social e dois Animadores Socio- culturais e estão identificadas 26 crianças/jovens em situação de risco e/ou vulnerabilidade social.
Perturbações de desenvolvimento e de comportamento
Acerca da presença de perturbações do desenvolvimento e do comportamento na criança ou jovem, estas são também um fator de risco para a inadaptação ou exclusão para o próprio se não forem identificadas e trabalhadas. A integração no sistema escolar formal exponencia esse risco dado o funcionamento desse sistema, as exigências apresentadas à criança e à família e as expetativas criadas por estes últimos.
Grande parte das perturbações de desenvolvimento tem uma componente genética relevante. É por isso importante conhecer os progenitores, por vezes padecendo eles próprios de elementos ou de aspetos idênticos aos da criança, quando não do mesmo diagnóstico – Diz-me de quem és e dir-te-ei quem és… (ANTUNES, Nuno Lobo e Equipa Técnica do PIN. Sentidos. Lua de Papel. 2008. P. 21)
É certo que herdamos boa parte do que somos nos nossos progenitores, mas o ambiente também influencia a nossa herança pelo enriquecimento ganho em experiências e porque o ambiente ativa certos genes que, caso contrário, ficam adormecidos (ANTUNES, Nuno Lobo e Equipa Técnica do PIN. Sentidos. Lua de Papel. 2008. P. 25).
Dado o diagnóstico apresentado, o nosso trabalho centra-se essencialmente na criação de fatores protetores para que cada criança e jovem possua as ferramentas necessárias à inclusão escolar e social. Sensibilizar as famílias, as escolas e a comunidade envolvente para estar realidade é também a nossa finalidade.
Porto, 15 de dezembro de 2020
Pela equipa
Sara Cerqueira