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Projeto “Ninguém fica para trás”

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Mais uma vez confinados…

Este tempo é um tempo de paragem e reflexão. O grupo do CATL tem 60 crianças no 1º ciclo, cada uma com a sua história e o seu percurso. Cada criança e família tem o seu tempo e a sua forma de olhar para a escola.

No primeiro confinamento preparamos a equipa e os espaços para apoiar presencialmente e individualmente aqueles que não conseguiam aprender no contexto de casa, por um conjunto distinto de razões. Foi uma luta enorme, uma aprendizagem fantástica para a qual contribuiu o trabalho e o interesse de professores, famílias e alunos.

Neste segundo confinamento, o Governo pensou nos alunos e as escolas estão a acolher aqueles que delas mais necessitam. O nosso trabalho tem sido igualmente necessário e importante, desafiador de uma forma diferente. É preciso integrar uns nas escolas, pedir equipamento para outros, apoiar no ensino à distância e na realização das tarefas escolares, ouvir as dificuldades dos pais e dar-lhes esperança e confiança, refletir com os professores, trabalhar em equipa multidisciplinar, articular com a saúde, fazer visitas quando algo nos preocupa, acompanhar terapias…

Este trabalho encontra-se enquadrado no Projeto “Ninguém fica para trás”. Através da sua concretização, acompanhamos de perto as crianças com maior vulnerabilidade, realizamos um trabalho de proximidade com as escolas, famílias e crianças, asseguramos que as crianças assistem às aulas, têm acesso a fotocópias, a tecnologia que garanta o acesso à escola e criamos um espaço on-line para tirar dúvidas e orientação familiar para que as aulas aconteçam num ambiente sereno e confiante.

Com criatividade e olhando para as problemáticas como janelas de oportunidade, iremos reinventar-nos para que esta nova realidade, não coloque nenhuma criança numa condição de exclusão e sem acesso à escola.

Porto, 20 de fevereiro de 2021

Pela equipa

Sara Cerqueira

O Projeto “Escola Cá em Casa”

escola c em casa

O Projeto “Escola Cá em Casa” surgiu há quatro anos e é dirigido às crianças do grupo dos 5 anos. Surgiu como estratégia de capacitação para a entrada no 1º ciclo num contexto social em que as crianças já partem, de um modo geral, com handicaps para o sistema escolar formal.

Ao longo de todo o ano, este grupo vai à escola uma manhã por semana. Preparamos uma sala de aula (tal como vão encontrar num futuro próximo) e nessa manhã as crianças têm que chegar às 9h, com mochila às costas e têm que estar uma manhã sentadas a ouvir a professora.

A mochila inclui o estojo com o material que vai ser pedido no ano seguinte e cadernos para realizarem os seus trabalhos.  Fazem o intervalo (momento certo para falar sobre lanches saudáveis) e regressam à sala até à hora de almoço.

A Professora é um elemento da equipa do CATL (equipa que vai receber o grupo no 1º ciclo). Não aprendem a ler ou a escrever, mas fazem as atividades que fariam na sala com a Educadora de Infância e que também tentam responder às dificuldades encontradas na avaliação das competências pré-académicas. No final da manhã levam TPC para entregar na semana seguinte.

A avaliação das competências pré-académicas é realizada ao longo do ano letivo e pretende ser mais um contributo para uma adequada integração no 1º ciclo. No presente ano letivo o Centro Social tornou-se parceiro no Projeto ACT desenvolvido pela Faculdade de Educação e Psicologia e Área Transversal de Economia Social da Universidade Católica do Porto, no âmbito do Desenvolvimento Local de Base Comunitária (DLBC), referente à Prioridade de Investimento (PI) 10.1 “Redução e prevenção do abandono escolar precoce e estabelecimento de condições de igualdade no acesso à educação infantil, primária e secundária, incluindo percursos de aprendizagem, formais, não formais e informais, para integração no ensino e formação" (FSE)”. Com esta parceira pretendemos melhorar os instrumentos de avaliação e a nossa intervenção ao nível das competências pré-académicas no Pré-escolar e melhorar a intervenção em contexto de sala.

Devido à pandemia fomos adiando o arranque do projeto no presente ano letivo e o seu início estava previsto para fevereiro. Com algum atraso e à distância, vamos avançar em março, embora à distância… tal como os colegas que já estão no 1º ciclo.

Porto, 20 de fevereiro de 2021

Pela equipa

Sara Cerqueira

Voltamos ao ProjetoCOLORIR O COVID

voltamosacolorirPerante o novo encerramento do Centro Social, em conformidade com as diretrizes governamentais face à evolução da Pandemia, voltamos a pautar a nossa ação pelas linhas orientadoras do Projeto COLORIR O COVID concebido/desenvolvido no ano anterior durante o período de confinamento (de março a maio).

As “Orientações Curriculares para a Educação de Infância”, emanadas pelo Ministério da Educação, continuam a estar presentes nesta fase, que nos exige reinventar a nossa prática. Contudo, há que assumir que estarão em presença de uma forma diferente e diluídas nas propostas que realizaremos. Não seria sensato, nem mesmo razoável, invadir a casa das famílias com linguagens desadequadas e tentar transformar as casas em escolas e as famílias em educadores. Há que apostar sim, numa parceria entre educador/famílias que permita dar continuidade ao crescimento das crianças nas diferentes áreas de desenvolvimento, num ambiente lúdico e prazeroso, com espaço para interação e brincadeira entre todos.

Prioridades:

Tendo em conta a experiência vivida no anterior período de confinamento e assente na avaliação realizada, bem como na incerteza da duração deste trabalho à distância, estaremos particularmente atentas à necessidade de propor, com regularidade, atividades motoras, no sentido de contrariar o sedentarismo subjacente a esta fase, e minorar o acréscimo de inquietude/agitação que possa surgir nas crianças, constituindo um constrangimento ao seu bem-estar, influenciando a sua capacidade de atenção/concentração e deixando-as pouco disponíveis para novas aprendizagens.

Outra das questões que nos tem vindo a preocupar, nesta fase de forma redobrada, prende-se com o tempo excessivo que as crianças passam em frente aos écrans (TV, Telemóvel, Tablets, Computador) e como tal iremos tentar contrariar este cenário com diferentes propostas.

Por fim, mas não menos importante, iremos incidir o nosso olhar nas rotinas, enquanto fator imprescindível à orientação das crianças no tempo e no espaço, à sua estabilidade e estruturação emocional.

Porto, 08 de fevereiro de 2021

Pela equipa

Sara Cerqueira

Projeto "Para Além do Olhar"

para alem do olhar

O confinamento de março de 2020 determinou uma nova forma de trabalho e durante os dois meses seguintes trabalhamos à distância, em todas as respostas sociais. Foi pensado e concretizado o Projeto “COLORIR O COVID” até ao nosso regresso presencial. Uma das iniciativas deste Projeto era a construção de um grupo de pais através do WhatsApp ou Messenger que nos permitisse continuar a planificar e a trabalhar com as crianças e as famílias.

Com o regresso ao trabalho presencial, pudemos trabalhar com as nossas crianças, mas a distância física com as famílias impediu-nos de conseguir fazer tudo o que entendemos importante. Os pais já não vão às salas, não conhecem estes espaços e os trabalhos que vão sendo realizados; o diálogo com a Educadora é realizado por telefone; os atendimentos acontecem pontualmente, são de curta duração e com máscara; as avaliações não são discutidas e partilhadas com o tempo necessário.  Perante esta insatisfação, decidimos criar o Projeto “Para Além do Olhar” que consiste na manutenção dos grupos de pais criados no WhatsApp, na altura do confinamento de março, adequando os objetivos ao contexto atual:

- Conhecer o rosto completo de cada pai e permitir que este conheça o rosto completo de cada elemento da equipa de sala que trabalha diariamente com a criança;

- Permitir que a criança conheça o rosto completo de cada elemento da equipa de sala e estabeleça a ligação da voz que vai reconhecer ao referido rosto;

- Dar a conhecer aos pais a sala, os seus espaços e os trabalhos desenvolvidos a partir da planificação;

- Convidar os pais a participar na construção de trabalhos e na realização de atividades que aproximem o contexto da escola ao contexto familiar;

-  Aproveitar o acesso ao contexto escolar e ao contexto familiar pela imagem e vídeos, para trabalhar algumas fases de transição das crianças, designadamente a ingestão dos sólidos, os momentos do sono, o desfralde e a despedida da chupeta, etc. Este acesso poderá também facilitar a reflexão conjunta sobre temas propostos pela equipa os pelos pais;

- Realizar reuniões de pais;

- Manter o trabalho à distância, em caso de isolamento profilático do grupo.

Porto, 15 de dezembro de 2020

Pela equipa

Sara Cerqueira

Projeto Educativo do ano letivo 2020/2021 – “Acolher para Educar e Educar para Incluir”

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O Projeto Educativo do ano letivo 2020/2021 – “Acolher para Educar e Educar para Incluir” é um instrumento que nos permite cumprir a missão do Centro Social. Para a sua elaboração, a equipa tem em conta a sua história, mas também o contexto do qual faz parte e as famílias com quem trabalha.

O Centro Social é uma entidade de primeira linha, com competência em matéria de infância e juventude. No diagnóstico à sua população-alvo são identificados alguns fatores de vulnerabilidade, designadamente a vivência num bairro social, a manifestação de comportamentos, da parte dos adultos do agregado familiar, que colocam em risco o crescimento e o desenvolvimento da criança ou jovem e a presença de perturbações do desenvolvimento e do comportamento na criança ou jovem. Estes fatores determinam um acompanhamento próximo e em algumas situações, quase diário, dos nossos destinatários.

 Vivência num bairro social

No presente ano letivo, temos 125 crianças/jovens moradoras nos bairros sociais da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos, num universo de 251 utentes.  A literatura assegura que crianças que nascem e crescem em bairros sociais possuem, à partida, maior risco de insucesso escolar. Neste território encontramos a manifestação de diferentes problemáticas sociais e este espaço está associado também a maior precaridade económica e em alguns casos a situações de pobreza e exclusão social. Dados do INE revelam que 21,6% da população residente em Portugal em 2019 se encontrava em risco de pobreza ou exclusão social; embora tenha ocorrido uma redução do risco de pobreza infantil em 2019, a presença de crianças num agregado familiar está associada a um risco de pobreza acrescido. Não podemos esquecer a pobreza hereditária que só pode ser combatida quando associamos a intervenção social com a educação.

Manifestação de comportamentos de risco

No que diz respeito aos comportamentos de risco que podem afetar o desenvolvimento e o crescimento da criança ou jovem, enumeramos as situações de maternidade precoce, negligência parental, más condições habitacionais (precaridade, sobrelotação), violência doméstica, reclusão de uma figura parental ou de ambas, alcoolismo, consumo/venda de estupefacientes. A intervenção multidisciplinar e interinstitucional e a formação são estratégias fundamentais para a eliminação ou redução destes comportamentos.

Na Creche e na Educação Pré-escolar consideramos que faz sempre parte da equipa de sala a Educadora de Infância, a Ajudante de Ação Educativa, a Psicóloga e a Assistente Social, sendo que estes dois últimos elementos participam nas atividades de sala, pois é pela interação com o grupo e pela construção de uma relação de confiança que se conhecem os contextos de vida de cada criança. No presente ano letivo, a Creche tem 24 crianças cujas famílias manifestam comportamentos de risco. Quanto ao Pré-escolar, existem 30 crianças integradas em contextos de risco.

No CATL, a equipa é constituída por uma Educadora Social, uma Técnica de Animação, duas Ajudantes de Ação Educativa e a Assistente Social. Existe uma forte parceria estabelecida com o Projeto AICA, para acompanhamento psicológico das crianças desta resposta e com a Cliduca para concretização de terapias da fala e ocupacional.

No grupo do presente ano letivo, destacamos 22 crianças em situação de risco e/ou vulnerabilidade social no CATL. Quanto ao Centro Comunitário, a equipa é constituída pou uma Psicóloga, uma Assistente Social e dois Animadores Socio- culturais e estão identificadas 26 crianças/jovens em situação de risco e/ou vulnerabilidade social.

Perturbações de desenvolvimento e de comportamento

Acerca da presença de perturbações do desenvolvimento e do comportamento na criança ou jovem, estas são também um fator de risco para a inadaptação ou exclusão para o próprio se não forem identificadas e trabalhadas. A integração no sistema escolar formal exponencia esse risco dado o funcionamento desse sistema, as exigências apresentadas à criança e à família e as expetativas criadas por estes últimos.

Grande parte das perturbações de desenvolvimento tem uma componente genética relevante. É por isso importante conhecer os progenitores, por vezes padecendo eles próprios de elementos ou de aspetos idênticos aos da criança, quando não do mesmo diagnóstico – Diz-me de quem és e dir-te-ei quem és…  (ANTUNES, Nuno Lobo e Equipa Técnica do PIN. Sentidos. Lua de Papel. 2008. P. 21)

É certo que herdamos boa parte do que somos nos nossos progenitores, mas o ambiente também influencia a nossa herança pelo enriquecimento ganho em experiências e porque o ambiente ativa certos genes que, caso contrário, ficam adormecidos (ANTUNES, Nuno Lobo e Equipa Técnica do PIN. Sentidos. Lua de Papel. 2008. P. 25).

Dado o diagnóstico apresentado, o nosso trabalho centra-se essencialmente na criação de fatores protetores para que cada criança e jovem possua as ferramentas necessárias à inclusão escolar e social. Sensibilizar as famílias, as escolas e a comunidade envolvente para estar realidade é também a nossa finalidade.

Porto, 15 de dezembro de 2020

Pela equipa

Sara Cerqueira

colorir

Este projeto surge como resposta ao contexto de Pandemia do COVID 19 e acabou por se tornar um exemplo de boa prática, merecendo por isso a publicitação num artigo da Revista “Inquietações Pedagógicas”.

  No início de março de 2020 começámos a ajustar as rotinas de trabalho na instituição e a implementar medidas de contenção e prevenção face a este vírus, no âmbito do Plano de Contingência.

No dia 16 de março encerrámos todas as respostas do Centro Social – a Casa de Acolhimento à Criança e ao Jovem em Risco – sentindo que, pela primeira vez, na nossa existência, estávamos a contrariar a nossa razão de ser.

O que é que temos sentido? Medo, desorientação, insegurança, incapacidade, tristeza, face a um problema cuja resolução passa por nos isolarmos em casa.

A nossa história revela que não baixamos os braços e que continuamos sempre a lutar para servir aqueles com quem trabalhamos e pelos quais existimos. Assim, decidimos transformar esta experiência em algo que nos vai fazer crescer e nos vai aproximar, enquanto casa e comunidade.

Propomo-nos colorir, dar um sentido positivo a uma problemática que ameaça tirar-nos o que temos de mais importante – a família, a saúde, o trabalho, os amigos e os afetos (abraços, beijos, colo, dar as mãos).

Utilizando o termo COVID escolhemos cinco princípios que vão orientar a nossa ação enquanto não regressarmos ao trabalho presencial:

Comunicação – vamos manter a comunicação permanente com as famílias com as quais trabalhamos para que sintam apoio, partilhem dúvidas e sentimentos e se sintam acompanhadas nas rotinas do dia a dia;

Originalidade – através da internet, por telefone, por SMS ou outros meios de comunicação, vamos continuar a trabalhar com as crianças, os jovens e suas famílias. Teremos que ser originais na passagem da mensagem, na presença, no trabalho de equipa e na procura de novas respostas;

Vivências – vamos construir e partilhar vivências. Somos seres sociais e precisamos viver bem com este isolamento que nos protege de uma doença, mas nos pode causar outras;

Imaginação – o que precisamos para colocar este projeto em prática e o que as nossas crianças, jovens e famílias precisam para se divertirem em casa;

Disponibilidade – é a nossa postura perante os destinatários. Não estamos presentes fisicamente, mas estamos sempre disponíveis.

Porto, 20 de março de 2020

Pela equipa do Centro Social

Sara Cerqueira